sexta-feira, 5 de novembro de 2010

- E como você se sente sobre isso?

- Eu queria conversar, sobre qualquer coisa para me distrair, mas ao menos sei por onde começar. Acho que esse é o princípio de tudo, não saber nada. E nem faz sentido, faz? A tão conhecida indecisão, garanto que sou a pessoa mais indecisa do mundo e não é necessário dado algum para que eu saiba disso, eu simplesmente sei.  Nunca sei se devo sair ou ficar em casa... Correção : Nunca sei se quero sair de casa. Como posso não saber se quero ou não? É o básico de tudo ! E quando decido sair fico indecisa sobre como ir, com o que ir, e se estou fazendo certo de ir. Começo a me arrumar e me arrependo. Saio de casa e até me divirto, às vezes - muito raramente - queria não ter hora para voltar.
- ...
- Paranoia. Devo ser mieo paranóica também, você sabe, deixar tudo arrumado, organizar horários, roupas, gavetas, revistas. Tudo em seu devido lugar, mas não despenso a pouca bagunça, aliás todo mundo tem sua bagunça "sagrada". Tento me deixar levar sabe? Mas simplesmente não consigo e caio na mesma rotina. Ah a rotina. Essa me deixa feliz, ironicamente. Ironia ! Olha que beleza agora consigo ver que tudo se encaixa. Uso minha ironia para disfarçar o que penso de verdade. Não sempre, falo sério, mas de vez em quando me sinto até aliviada por isso.
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- Meu humor é único. Ele muda com uma palavra que eu escuto ou leio, não radicalmente, algumas vezes só parece sumir, como uma bexiga que você vai enxendo,enxendo... até que você pára para que ela não estoure, então sem querer você solta e ela começa a voar e se esvaziar, e quando percebe ela sumiu. Então você pega outra e começa tudo de novo. Humor.
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- Pode não parecer muitas vezes, mas eu me importo com todos a minha volta, e sei que eles não se importam comigo tanto quanto eu me importo com eles, e sei também que eles não se importam em eu me importar tanto. Confuso certo? Mas esse ciclose formou assim, a não confiança foi construída por todos os lados, e agora todos somos cercados por muros, não tão resistentes, que com um simples empurrão pode cair. Só o que falta é o empurrão. Tenho que dizer: pessoas tem grande poder sobre outras pessoas; elas são capazes de nos destruir, de nos razer felicidadecom simples gestos e palavras. O ser humano é o nosso maior amigo e nosso mais esperto inimigo.
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- Algumas horas eu paro para pensar na vida, em como tudo acontece, a sequência, o fato de ser um destino, de que tudo tem sua hora, e muitas vezes estragamos as surpresas por não saber esperar e querermos ser mais rápidos que o tempo. Penso, finalmente que tenho que aproveitar minha vida enquanto ainda a tenho, mas simplesmente algo me prende. Não consigo sair por aí feito louca e fazendo tudo o que me dá à telha. Acho que acelerei mesmo o tempo, e sou uma velha de 75 anos num corpo de 16. E sabe... Eu gosto.
- E como você se sente sobre isso?
- Sinto que preciso de um violão.

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